sábado, 16 de abril de 2011

Julgamentos .

        




Em um sábado, encontrei um grupo de amigos conversando e rindo. Me juntei a eles, eu queria saber o motivo de tantos risos. Falavam a respeito de uma menina que ultimamente sempre chegava na escola atrasada e desarrumada, falavam sobre seu cabelo bagunçado, sobre as marcas que estampavam seu rosto, e sobre suas roupas folgadas. Quando percebi, lá estava eu, rindo também. Depois de uma semana todos ainda continuavam a falar sobre essa menina, mas eu já tinha cansado disso. No fim das aulas fui para a biblioteca devolver um livro quando ouvi uma pessoa chorar, quando olhei para aquele pequeno corredor entre a biblioteca e o banheiro feminino lá estava ela, sentada em um canto de parede, encolhida, com o rosto coberto de lágrimas. Me sentei a seu lado e perguntei o que estava errado. Ela não me conhecia, nunca havia falado comigo, mas acho que estava precisando desabafar, já que me abraçou com muita força e começou a chorar cada vez mais e mais. Quando ela se acalmou me contou que sua mãe estava com câncer, formando metástases. Eu não sabia o que isso significava, então ela me contou que era um estágio muito avançado do câncer em que este se espalhava por todo o corpo. Me contou que o tratamento estava sendo muito doloroso, tanto para sua mão quanto para ela. E também que os médicos já haviam lhe dito que ela não teria mais que um mês de vida. Por isso, todas as noites ela ia para o hospital ficar ao lado da mãe, não tendo tempo para se preocupar com vaidade ou com o jeito de se vestir. Ela só estava indo para a escola porque sua mãe tinha lhe feito um pedido, que ela estudasse muito, para conseguir alcançar seus objetivos.
Ali, num canto de parede, ao som de lágrimas caindo e soluços, eu me senti a pior pessoa do mundo. Naquele momento eu senti vontade de sumir, de voltar no tempo e retirar tudo o que eu tinha falado a respeito de uma menina que apenas estava preocupada com a mãe.
Como eu não poderia fazer nada disso, simplesmente fiquei ali, ao seu lado. Deixei que suas lágrimas caíssem sobre meus ombros e, ao sentir sua dor, comecei a chorar também.
Parei de andar com aqueles que estavam rindo de uma pessoa que nem conheciam, e passei a andar somente ao lado daquela que era a pessoa mais forte que eu já havia conhecido.
Eu estava lá quando o médico deu a notícia de que não havia mais nada a ser feito, eu estava lá para que sua mãe pudesse olhar no fundo dos meus olhos e me agradecer por ter ficado ao lado da coisa mais preciosa que ela tinha, eu estava lá no dia do enterro, o dia mais triste de nossas vidas. Compartilhamos lágrimas, sorrisos, tristezas, alegrias.
Lembra daqueles que estavam rindo? Eles começaram a nos chamar de esquisitas. Começaram a dizer que eu era idiota por ter me aproximado da menina que andava desarrumada. Mas não me importei, afinal se eu não tivesse me aproximado dela não saberia o verdadeiro significado de amizade. Moral da história? Não julgue. Você não sabe o que pode estar acontecendo na vida da pessoa.
Se eu tivesse continuado perto daqueles que julgavam a todos talvez, hoje eu não tivesse uma pessoa para estar ao meu lado quando eu precisasse chorar.

domingo, 10 de abril de 2011

Peças que a vida prega.

Todo dia antes de dormir lembrava de você, das suas juras de amor, mas parece que esse sentimento não era tão forte assim.

Hoje fui para um lugar perto de sua casa, eu tinha a desculpa perfeita, eu iria visitar a minha prima. Cheguei lá e me sentei na calçada, com um livro em meu colo, eu olhava para o livro sem entender nada do que lá estava escrito, e olhava para a rua tentando descobrir em que casa você morava, e desejando com todas as minhas forças que você saísse de sua casa, e fosse falar comigo.
Esperei muito, e no fim das contas acabei te vendo. Mas voce estava conversando com uma menina. Uma menina tão linda, mais magra que eu, mais bonita que eu, e provavelmente bem mais interessante que eu. Vocês ficaram conversando por quase 30 minutos, tão perto um do outro, que eu estava com medo que seus lábios se tocassem. Você se levantou, ela também. Você foi embora e ela ficou lá, sentada. Fiquei desejando que voce tivesse me visto, mas não viu. Fiquei observando o jeito dela, seu modo de se comportar, mas sempre dando algumas olhadas passageiras para o meu livro, nao queria que ninguem soubesse que eu estava te espionando. Depois de algum tempo o telefone dela tocou. Ela falava num tom um pouco elevado, então consegui ouvir algumas partes da conversa. Entre elas: "... mas onde é que você tá? E onde é a casa da sua tia? Hum.. E como a gente faz pra se encontrar lá? Pois tá certo, estou indo." Deduzi que ela estava falando com você, pois foram inúmeras as vezes em que conversamos pelo MSN, e em que voce sempre estava na casa da sua tia. E claro, me lembro muito bem que você pediu pra encontrar comigo umas duas ou três vezes naquela pequena praça onde o pessoal costumava se reunir à noite. Nesse momento eu senti como se um peso tivesse sido jogado em meu coração. Fiquei olhando para as palavras sem significado do meu livro. Olhei para o céu, tão estrelado, um céu perfeito. E lembrei de quantas vezes você tinha dito que me amava e que ia esperar porque nenhuma outra menina se comparava a mim, lembro das suas palavras como se elas tivessem sido ditas hoje: "As outras não me interessam, eu quero só você!" É.. parece que voce se enganou, você achou alguém bem melhor que eu. Claro, eu não esperava que você fosse esperar muito mais por mim, já que eu não te dava esperanças. Mas, em meus pensamentos mais profundos, eu nos imaginava, juntos como um só. Você nunca conseguirá imaginar a sensação que passou pelo meu corpo, quando eu te vi com aquela menina. E como foi triste imaginar você marcando um encontro com ela, vocês dois, juntos como um só. Quem diria, afinal de contas eu também te amava.